3 meses de nós
Comecemos pelo cliché, que é tão verdadeiro: para onde foi o tempo? Ainda ontem saímos da maternidade, era um ratinho pequenino e agora já me pesa nos braços. Espero não me tornar naquelas mães que só falam por intermédio de clichés.
O primeiro trimestre dele, muito chamado de o quarto trimestre de gravidez, em que não deve haver preocupações com colo ou rotinas, o bebé precisa da disponibilidade dos pais, está a habituar-se lentamente à vida fora do útero.
Passou num fósforo. O primeiro mês passou literalmente a voar. Demorei a interiorizar que sou mãe, é um papel que adoro. A nossa benção tornou medos em felicidade, descoberta em rotina, e trouxe uma dimensão especial à nossa vida. A nossa vida revolve à sua volta, e tem tanto de cansativo como de emocionante e extraordinário. Cada pequena aprendizagem dele nos enche de orgulho.
É a primeira parte do meu dia, a mais importante. A dificuldade das noites esfuma-se quando ele acorda meio a choramingar e mal lhe digo olá e bom dia se ri com vontade, dá um gritinhos amorosos, como se tivesse tido saudade durante a noite. Ficamos sempre ali meia hora, comigo a enche-lo de beijos e com ele a abrir a boquinha a rir e a palrar. Um dos dias mal acordou disse olá. Verdade, dobrou a língua, só fez olá mais duas ou três vezes mas uma está gravada em vídeo para não me chamarem maluquinha.
O primeiro sorriso. A nossa luta com as cólicas: shantala, biberão dr browns, massagem e joelho ao cotovelo contrário foram as nossas estratégias. As primeiras gargalhadas e as nossas conversas. Como diz a minha mãe, conhece bem os pais, inclina-se para nós e ri-se quando nos reconhece doutro colo.
É um bebé que gosta de companhia, gosta que falem para ele. Já passou por imensas fases. A primeira fase era gostar de andar de carro e no carrinho, quando estávamos mais cansados íamos passear com ele, dormia o tempo todo. Almoçámos muito fora, mas foi redefinido o almoço fora, super rápido connosco a aspirar a comida. Começou a dar sinal do primeiro para o segundo mês que já não achava piada ao carrinho; no carro às vezes adormecia, mas um semáforo era suficiente para o acordar. Do segundo para o terceiro mês é um suplício andar de carro; sozinho é saber que chora quase o caminho todo, tem de estar um de nós a falar ou cantar para ele, a bater palmas. Também deixou de ser fã do ovo, chora para sair, mal sai fica tranquilo, gosta de olhar para o ambiente e pessoas, fica super atento de pescoço espetadinho há semanas.
Ainda tem dias muito diferentes uns dos outros e o que resulta hoje e amanhã pode não resultar mais. Como o swaddle, tenho que voltar a experimentar, o sling que comprei e ele só lá ficou uns minutos duas vezes. Comprei um colchão da Ecus para evitar a plagiocefalia que não gostou, mesmo de noite o sono só durava uma hora. Não foi desperdício, está na alcofa onde brinca e fala com os bonecos há um mês.
Já me abraçou. Ok, é um salto, um exagero, mas defendo isto até à morte. Coloca os bracinhos nos meus ombros ou pescoço, com a cara encostada à minha e eu fico ali babada a sorver o momento como se fosse um abraço. Já se agarra à minha cara e deixo-o conhecer-me; já percebeu que os óculos são uma parte amovível da minha cara. Às vezes no suplemento fica com uma mãozinha na minha cara. Faz umas caras muito cómicas a brincar com a língua, parece que está a tirar comida dos dentes e faz estalidos, de rir. Também se agarra ao meu cabelo, arranca e fica a olhar para o que tem na mão. Anda a experimentar com a voz, gritinhos, antes de chorar reclama primeiro. Com as chupetas ainda tem dificuldade, ainda puxa vómito de vez em quando, mas anteontem e ontem adormeceu de chupeta porque anda numa fase de mamar, já fez um chupão ao pai e me fez um hematoma no mamilo.
Já se ri à gargalhada, já sabia o que era brincadeira com o comer dos pezinhos, e agora ri-se com muito som. Sabe o que é brincadeira, ri muito se danço ou salto, prefiro pensar que está a rir comigo e não de mim.
Os sonos: ainda tenho dificuldade que fique deitado no berço, de dia parece que tem picos, sonos de meia hora se tanto. Já brinca no ginásio e agarra os bonecos suspensos.
Oscilo entre querer duas horinhas para mim, ou para nós e a dificuldade em o deixar com alguém, não conseguimos, só mesmo vinte minutos para ir à fruta aqui em frente.
Já só tenho um mês completo de outubro com ele e já sinto o coração apertado. Quero tê-lo só para mim pequenino e ao mesmo tempo gostava de o ver a falar ou gatinhar.