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Nervoso Miudinho

blog humorístico (esperemos) sobre tudo e mais frequentemente sobre nada

16
Out17

a minha experiência com a amamentação

nervosomiudinho.blogs.sapo.pt

Começou na primeira meia hora de vida dele, foi um momento lindo. Pegou muito bem, esteve imenso tempo a mamar. Durante a estadia na maternidade foi muito simples, muito fácil, não tenho queixas. Na primeira noite bolçou bastante e deu um pequeno susto, estava com muitas secreções e teve de ser aspirado, e depois do primeiro cocó de mecónio lá passou.

Usei logo as conchas de amamentação da avent, constava da lista da maternidade para a sala de parto. 

 

Viemos para casa. Teve uma primeira manhã com muito choro, e com o coto umbilical ligeiramente vermelho, nem pensamos duas vezes: urgência. Não estava infectado ainda, mas redobramos cuidados, e eram cólicas. Fomos a consulta de amamentação e a pega era quase perfeita mas podia melhorar posição, porque ainda tinha pouca força e a mama é pesada. 

Em casa usei sempre as conchas, e colocava leite meu antes e depois de ele mamar, deixando sempre que possível os mamilos secar ao ar. 

 

Não tenho histórias de horror para vos contar. Como uma senhora de 70 que se meteu na minha conversa com a enfermeira do curso de preparação e me contou sem lhe perguntar no elevador: que amamentou os cinco filhos com os mamilos gretados e em sangue. Não tive problemas, nem sequer na descida do leite, nem dei por ela da mudança de colostro para o leite. Tive duas vezes dor no fim do primeiro mês por dois segundinhos, pareciam facas e comentei logo com ele que se fosse assim sempre era tortura. Tive uns pequenos nódulos, mas ele ajudava-me a massajar enquanto o bebé mamava e desapareciam logo. Desde então tive por duas vezes na mesma mama nódulos grandes e dolorosos, só ao fim de um dia com calor, duches e massagem desapareceram. 

 

Ainda assim tive as mesmas dúvidas de muita gente. Será suficiente, quanto come. Quando colocadas estas dúvidas a enfermeira do curso seguiu a mesma cartilha de agora: não há problemas, toda a gente tem leite, é da nossa cabeça. Não gosto de abordagens fundamentalistas, têm de esclarecer as pessoas e não tratá-las como crianças, porque depois as pessoas vão para a net e cometem erros. Amamentem até aos seis meses? como operacionaliza? não explicam. Ao explorar a app que vos falei aqui, se calhar teria optado por extrair o leite e metade das vezes dar com biberão.  

 

Ele nunca aumentou muito de peso, nasceu com um peso bom e perdeu o máximo na maternidade, mas sempre mamou bem. Claro que adormecia imenso, como todos os recém-nascidos. Começou a conversa do suplemento. E o que isso me irritava. Isso e os mitos, do leite fraco e aguado. Santa paciência. É pegar nas inseguranças de todas as mães e as torturar com elas, magnificadas por mitos parvos. 

 

Seguiram-se dois erros que ainda lamento. 

 

Pesar o bebé mais que uma vez por semana, e até semanalmente é demais. Nada disto foi o que aconteceu no centro de saúde e na pediatra, fui lá pesar imensas vezes. Quando a médica de família que é excepcional viu que estava a aumentar o mínimo por dia até queria mandá-lo para pediatria, só que já estava a ser seguido no privado. 

Em recente entrevista Ana Jorge, antiga ministra da saúde afirmou-o e entretanto outra médica me assegurou, não se pesa bebés alimentados a leite materno tantas vezes. Essa médica depois de ver a mamada e o que extraí depois de mamar, aliado à minha queixa de que para ele beber 30 mL de suplemento só muito depois de mamar e a custo: ele está a proteger-se do leite artificial, tem leite e muito, os bebés não são relógios suiços, não aumentam certinho, ele tem aumentado mais do que o indicado mensalmente, é comprido e saudável, pode esquecer o suplemento. 

 

Como ele adormecia, comecei a extrair leite com bomba. Assim quantificava o que bebia e me certificava que bebia tudo pelo menos uma vez por dia. Em conversa na consulta a pediatra desaconselhou muito isto, que fazia mal, e que ficaria com confusão de tetina e podia rejeitar a mama. Não fazer mais isso e dar de mamar de duas em duas horas. Seguiram-se as semanas mais cansativas, não fazia literalmente mais nada, nem dormir mais que uma hora seguida, e sem a app era impossível. Os meus ombros e coluna estavam num oito, ele fazia massagem enquanto amamentava. O que acontecia era ele até nem mamar com tanta vontade porque não tinha muita fome, e o sono ficou mais curto a partir dessa altura, tinha de o acordar de noite e de dia. Continuava um aumento tímido de peso, apenas enorme nos três primeiros dias de suplemento (mas só a leite materno uma vez teve um aumento de 50 gr)  introduzimos suplemento. Custou-me horrores, senti-me inútil, fraca, insuficiente para o meu filho, sei que não devia, mas tudo isto e mais o que me senti. 

 

Cá em casa, com visitas, ouvia do quarto, há leites fracos, para ver não sei o quê e mais não sei o quê, e que nas aldeias até havia mulheres que davam leite a quem tinha mais aguado, e outras barbaridades que tal. A minha cara disse-lhe tudo, só disse: dentro de minha casa não, voou para a sala e silenciou a conversa, deve ter explicado bem porque nunca mais disseram nada do género à nossa frente. 

 

O suplemento acabou por lhe dar apetite para a mama, começou a mamar com mais vontade a mama depois da introdução do suplemento, há mais de um mês que dou no máximo duas vezes por dia por descargo de consciência. Não vai ser um bebé que engorde muito em geral, é muito activo e deve sair a mim que era um castigo para engordar, passei um ano sem engordar um grama. 

 

Se não fosse mãe de primeira viagem, e soubesse o que sei hoje, tinha confiado nos meus instintos: continuar a extrair, amamentar não de 2/2, mas um bocadinho mais como estava a fazer e continuar a dar o biberão e nada disto se tinha passado. Ele estava a crescer mais que 1 cm por semana, muito xixi, muito cocó, que tonta, se o meu leite o alimentava para crescer tanto é porque era dele. No nosso país adora-se bebés gordos, não faltam pessoas, como casos que sei, que dão suplemento e outras coisas que não deve para terem bebés gordos. Deve ser bom ter um bebé gordo, é menos uma preocupação, mas esta obsessão doentia pelas x grama por dia cria uma ansiedade brutal para os pais. 

 

Quanto à amamentação, seria muito mais fã e seria muito mais especial se fossem só aí umas três vezes por dia, em média dou 8.3 vezes por dia. É cansativo, especialmente com uma lagartixa como o meu filho que conversa, olha para tudo, mexe, brinca com a língua, ri, dá gritinhos e se esperneia metade das vezes, ocupa muito tempo e exige presença da mãe sempre. 

 

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