Crónicas do meu ex-senhorio #4
Depois de ver o meu senhorio de pijama e chinelos de quarto na garagem e de me cruzar com isto no elevador, o que se segue? Bater à porta da res idência, atender a mãe que estava a cozinhar claro, chamar o filho que vem falar comigo em tronco nu! Que visão do inferno, plamordedeus, que fiz eu de mal nesta vida para ver aquilo? Começaram a tocar-nos à porta bastastes pessoas a perguntar por ele, que deve ter-se esquecido de dar a nova morada aos credores. Até que nos tocam à campainha do tribunal mesmo. Fantástico. O meu namorado cruza-se com ele no corredor, tranquilo da vida ainda pede para não divulgarmos a morada nova. Não o perturbou minimamente ter tribunal, bancos e pessoas atrás dele. Nadinha, sempre a fumar o seu cigarro nas imediações do prédio, sem uma ruga de preocupação no rosto. Nesta mesma altura, mudou o número de telenovelas e veio com uma historieta muito bonita de ter cancelado a conta bancária. Tretas, na fase inicial porque veio dizer-me já nós tínhamos transferido naquele mês e não tinha sido devolvido. Pediu-nos o favor de pagarmos em dinheiro. Acedemos, e se soubesse o que sei hoje não lhe tinha facilitado nada a vida. Lá fui eu pagar durante uns meses a renda em dinheiro, tinha sempre o recibo pronto que dava na hora, senão nem pagava nadinha. O mal disto? Atendia sempre a porta em tronco nu, credo em cruz, onde lhe ficou a educação?? Uma ou duas vezes vinha a mãe entregar-lhe uma camisa à porta, a única ciente da figurinha que estava ali a acontecer. Até que disse ao meu namorado, não pago mais a renda, a partir de agora vais sempre lá tu.