As pessoas gostam de drama? De pessoas dramáticas? Aquela pessoa a quem tudo dói mais do que o colega do lado? Aquela pessoas cujas dores, ansiedades e problemas são conversa de café no corredor do trabalho para toda a gente saber e ouvir? Do género a minha unha encravada é pior do que o teu cancro? Que cada dorzinha com duração de cinco minutos já requer toda uma equipa de urgência, os familiares e os amigos todos em redor da cabeceira a dar atenção e mimo? Toda uma vitimização para gerar empatia? Todo um drama para caça de elogios. Nem precisa de ser pessoal, porque também vale falar em pais, filhos e cônjuges, tudo serve. Não consigo perceber isto, a sério que não, convidar o mundo para a intimidade. Sou eu que provavelmente estou mal, já sei. Sei que criei muitos problemas para mim própria quando não gritei a sete ventos porque estive de baixa, o porquê de estar com limitações, as doenças familiares: cancro, parkinson e afins. As pessoas gostam de saber e castigam quando não sabem, a discussão mais surreal, tive-a o ano passado, quando eu estava de regresso depois do meu primeiro aborto espontâneo, e uma colega queria porque queria saber porquê, porque não fazia as funções todas, porque não continuava a resolver os problemas duma área que não me competia (claro que enquanto as resolvi mesmo fora da área, era chata, insistente, sempre a mesma que levava com queixas porque usava o tempo para o rotina e extra) vitimizou-se e disse a coisa mais bonita que já ouvi quando lhe disse que tinha de lhe explicar nada, e ainda atacou outra pessoa que nem ali estava, minha amiga, olha quem me dera ter cancro, assim também já não fazia isso.
Dias da mulher são todos os dias, somos "guerreiras".
Flores oferecidas a mulheres por chefes, iniciativas, namorados e afins.
Já não é preciso dia da mulher para nada, já há igualdade.
Homens que partilham fotografias da mulher, mãe e filhas mas com a piadinha que eles é que são os reis e eles é que mandam lá em casa.
Jantares comemorativos. Objectificação do homem.
Piadas sexistas com louça ou qualquer tarefa doméstica, carros e afins.
Marketing que tenta ser engraçado indo pela via da piada fácil sexista.
Um minoria que felizmente existe: debate acerca da igualdade de género, contexto histórico, celebração de mulheres que deviam figurar na história da ciência, arte e sociedade.
Porque baixamos a barra de decência e educação? Qual é exactamente a vantagem de ter bons cenários, jornalistas, e personalidades supostamente respeitadas a discutir futebol, se se insultam, se gritam, se fazem figurinhas deprimentes? Não era mais produtivo, mais barato e se calhar muito mais civilizado andar de café em café pelo país a gravar grupos de amigos a discutir os jogos?
O ano passado, bissexto, passei o dia 29 internada. O pior dia da minha vida até à data. O único aniversário que não celebrei. Uma ecografia de rotina revelou o pior, um dos maiores medos, a seguir à hemorragia que obsessivamente temia e procurava a cada hora do dia, e da noite, que acordava a procurar por causa das duas hemorragias anteriores que me acabaram com os sonhos. A minha mãe acompanhou-me para ver a sua primeira ecografia porque nos anos oitenta era incomum e que não tinha feito nas suas duas gravidezes. A vida pode ser uma cabra irónica. Queria dizer que está ultrapassado, mas ainda é cedo, espero daqui por um ano dizer que está. Assim, digo que foi encarado, processado e interiorizado, mas deixou algumas marcas.
Partilho do mesmo sentimento; a primeira vez que a...
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