Há quase quinze dias que este rapaz se ri para mim e me derrete. Mesmo quando lhe chamo chatinho e lhe digo para ir comer fora que quero dormir mais um bocadinho ele se ri para mim. Os ais dele e as vocalizações são deliciosas. Mesmo às cinco da manhã.
Os primeiros tempos em casa são complicados. De repente já não temos o conforto de ter ali uma campainha e profissionais a uns metros. Além da nossa recuperação, temos um bebé, há um mundo de novas rotinas, muito pouco tempo e temos que nos alimentar. No nosso caso, fizemos uma preparação que se revelou fundamental. Além da ajuda preciosa da família, foi ele que fez absolutamente tudo, eu só tratei do bebé e da minha higiene, até da minha alimentação ele tratou, enquanto amamentava ele dava-me comida à boca e água. Em todo o caso, há muita coisa que nos facilita o quotidiano e aqui vos deixo umas dicas.
Utensílios plásticos
O ambiente que me perdoe, não é, de todo, hábito nosso, mas facilitou mesmo muito. Acreditem que ajuda mesmo muito nem sequer ter de por a máquina a lavar.
Comida congelada
No último mês de gravidez tratamos de fazer comida a mais e congelar por porções. Não sou grande fã de churrasqueiras e a comida pré-feita além de fraca não é nada saudável. Conseguimos, mesmo com um congelador pequeno, cerca de 17 refeições. Facilitou tanto, mas tanto, os primeiros tempos. Ele só tinha de descongelar e aquecer, e no máximo, fazer um puré ou qualquer coisa quando necessário para acompanhamento. Há muitas receitas que resultam bem como lombo de porco estufado com legumes, bacalhau com natas, frango com molho de cerveja, lasanha de atum, frango à Brás, entre outras.
Família
Sei que não é opção para toda a gente, mas foi uma ajuda fundamental. Muitas vezes a minha mãe mandou comida, aliás festejámos o São João graças às sardinhas que mandou. Além disso, a lavagem da nossa roupa e do bebé foi toda feita por ela. Salva-vidas. Não se paga amor assim.
Compras online
Nos valha a Nossa Senhora da Internet. Continente, bebitus, vertbaudet, zippy, até mango e zara. Comprámos de tudo pela internet, compras de supermercado e wells, acessórios para o bebé, aquecedor de biberões, fraldas, roupa para ele, até roupa para mim.
Stock
Também fizemos stock dos produtos essenciais: fraldas, papel higiénico, água, sumos, snacks. Foi menos uma coisa em que pensar. O maior stock que fizemos foram as fraldas. Tínhamos cerca de 120 fraldas de várias marcas, não fosse ele fazer alergia ou não gostarmos, sempre aproveitando promoções. Não é muito, gasta uma média de oito por dia nos primeiros tempos, portanto são mais de 200 num mês.
Da brilhante autora desta pérola, veio a sequela. Nova chamada, desta feita para uma visita que não chegou a acontecer porque não estava em casa. 39 semanas. Não engordei e frustei-a, estraguei-lhe aquele dia. Pelos vistos não ia ficar por aqui.
- "Então, está tudo bem?"
Sim.
- "E então, ficaste muito inchada??"
Não, estou igual. Ainda uso as minhas sabrinas e os meus aneis.
- "ah. E o parto é para a semana?"
Sim, quer dizer, a data prevista é para a semana, pode ser em qualquer altura.
Hoje. No dia da consulta das 40 semanas encontrei uma pessoa conhecida. Alguém que até nem gosto particularmente. Perguntou. Então para quando é? Hoje,respondo eu. Cara de pânico total, eram 19 horas. Como assim hoje? Hoje era o dia previsto. Fiz de propósito porque o conheço e sabia a reacção. Ri muito. Acabei de jantar e começaram as contracções. Rebentaram as águas e fui para o hospital. Quem riu afinal?
Que observam tudo o que fazes, ou que fazem perguntas até encontrarem qualquer coisa para que possam dizer: não podes fazer isso que se habituam. Se não houver, inventam. Como estarem a falar alto, e ele a dormir no carrinho, e tu, claro, estás a abanar o carrinho para que ele volte a dormir. É logo: não o podes habituar a dormir assim embalado senão depois só quer isso. Oh, façam me o favor de se ir encher de moscas. Estão mesmo à espera seja do que for para dizer que não podemos e estamos a fazer mal. Até se inventa quando não há. Já disse que não, li e está errado. Ah, eu tive três filhos, eu sei. Curioso, pessoas com três filhos não faltam, é só especialistas, nem sei porque há investigação, livros de profissionais, com tanto expert de trazer por casa. Mais giro, a pessoa em questão é homem, e quem tratou dos filhos foi a sogra, porque trabalhavam, sabe lá ele o que a sogra fazia para lhe adormecer os filhos. Na altura dele tinha direito ao dia do nascimento, não passou o primeiro mês na companhia dos filhos 24h/dia.No máximo é especialista nos três filhos dele, e convenhamos que lembra-se lá de há 30 anos, dos filhos com um mês, no máximo lembra-se dos filhos com meio ano, um ano. Acho que as pessoas da geração seguinte têm alguma dificuldade em aceitar que as pessoas que ajudaram a criar, estão, voila, criadas, que têm filhos próprios e que são responsáveis e autónomos. E que os anos oitenta não são modelo para nada, os cintos de segurança não eram obrigatórios nem atrás nem à frente, não havia cadeirinhas de transporte de bebés e crianças, era tudo em alcofas e uma travagem mandava a criança para o chão do veículo, e querem dizer-me para não o embalar?!
Comecemos pelo início. Ninguém mais do que eu quer mostrar esta fofura pequena, quero mostrar a toda a gente que conheço, agradecer o amor que nos dedicam e partilhar a nossa felicidade.
Depois vem a realidade. Os primeiros 12 dias após o parto eu estava dorida, inchada, cansada e a habituar-me às minha novas responsabilidades, além de pais e irmãos era absolutamente impossível receber fosse quem fosse. Aliás, todo o primeiro mês é para esquecer. É recém nascido, é só nosso, tem poucas defesas. Por muito que quisesse receber visitas a minha prioridade máxima é ele, nem há dúvida absolutamente nenhuma. Depois estamos nós, e para nós enquanto família e para as nossas rotinas receber visitas cria caos. Há visitas que só querem mexer nele, que o agitam, e receber pessoas em casa implica não descansarmos, darmos um jeito à casa, vestir-me, pentear-me.Não aproveitar uma oportunidade para descansar, domir, tomar um banho e lanchar em condições é complicar esse dia e essa noite. Tive que rejeitar algumas visitas, adiando a maior parte. Depende sempre do dia que ele e nós estamos a ter, e não tenho remorso nenhum. Em todo o caso devia ser conhecimento comum que visitas no primeiro mês são mesmo só para avós, irmãos e dois ou três amigos muito chegados. Mais, as visitas devem respeitar os pais e o bebé, nunca acordar, mexer o mínimo possível, e não devem esperar pegar nele ao colo, a verdade é que a maioria foi assim, mas quando assim não é, a fatura que pagamos é enorme. É um recém nascido, come e dorme, terão muito tempo para interagir com todo o gosto nosso.
Três horas de choro. Sobre-estimulação que resultaram em horas de berros. Espero que estejam satisfeitos. Espero, sobretudo, que tenham decorado a cara dele, porque tão cedo não lhe metem a vista em cima. Nem os dedos. Enquanto me lembrar. Será importante referir que tenho óptima memória. Será difícil? Num recém nascido mexe-se com os olhos, sobretudo os fumadores que não se devem colocar a centímetros da carinha dele falando aos berros. Uma visita não acorda um bebé a dormir em nenhuma circunstância, nem para ver os olhinhos nem para ver caralho nenhum. O bebé não é o vosso adereço. Não me parece ciência espacial. Quando mais chegadas, quanto mais família pior. Melhores visitas: pessoas sem filhos, não opinam muito, não oferecem conselhos não solicitados e obsoletos, não generalizam com base na sua experiência, respeitam os pais e o bebé.
Este é meu, é recém nascido e não vai andar de colo em colo. Não acordem o puto. Estão a ouvir, não acordem o puto. Foda-se, não o acordem, nesta idade come e dorme, e está perfeito. Não, provavelmente não sairá do ovo e se sair é para o meu colo. Obrigada, estou bem com ele no colo, não vai andar de colo em colo. Fiquem ou não amuados, é para o lado que durmo melhor, assim comássim só durmo uma hora de cada vez.
É só para dizer que me apetece comprar a linha mini divas to-di-nha, clutch incluída, não adorasse eu miniaturas. Não fosse eu uma pessoa miniatura e tivesse nos braços uma miniatura de facto.
Partilho do mesmo sentimento; a primeira vez que a...
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