No último 29 estava no bloco, estive grávida por mais 4 dias desde que soube que tinha acabado. Tinha passado o dia 26 numa sala à espera que não fosse preciso cirurgia. O último dia 29 de fevereiro passei-o no bloco operatório numa dilatação e curetagem depois de uma tentativa falhada de expulsão com recurso a fármacos, na minha terceira gravidez. Parece tao longínquo e ao mesmo tempo moldou-me, marcou-me como pessoa e como mãe. Tive alta mesmo antes do meu aniversário, o mais triste de sempre, o único sem bolo, sem um sorriso, sem nada. O meu maior amor chegou no ano seguinte, tem dois anos e oito meses e é muito amado e muito feliz.
Ontem estivemos basicamente desde o jantar a domar uma valente birra. Comeu as primeiras bolachas com açúcar adicionado por volta dos 19 meses depois de uma virose / otite que lhe levou muito peso. Aos dois anos provou chocolate. Desde então tem sido controlado, mas agora pede e passa mais tempo longe de mim. A rotina continua na tentativa do saudável mas ele tem um apetite para o doce bem jeitoso. Tanto que as vezes acorda a falar em bolachas de manteiga (a minha mãe calhou de comprar na confeitaria umas bolachas de manteiga conformas bonitas: mickey, unicórnios, corações e aquilo foi um mega sucesso com ele). Ontem não quis segundo prato, só falava em chocapic, na verdade a sopa era de feijão e quinoa e estava uma bomba por isso não me preocupei muito. Comeu fruta ainda a falar em chocapic. Não demos, começou o choro, 'é só dez' dizia ele enquanto nos mostrava as duas mãos, pois sabe que tem 10 dedos. Mais choro, passado um bocado, quero quatro, não cinco diz ele. Não, queres fruta, queres queijo, queres a massa do jantar? Não. Tenho fominha e quero chocapic. Eu estou a chorar, estás a dizer que não papá, diz que sim que eu estou a chorar. Aguentamos porque senão aprende que rejeita jantar e chora e depois come porcaria. Queres leite? Não. Choro. Ofereci bolachas de milho. Não quis. Entre brincadeiras mais choro. O pai sentou-se e começou a comer, aí que bom isto é; chegou-se a ele e comeu as tortitas de milho enquanto bebia leite e a birra passou. Gostou, são boas diz. Vamos para a cama e eu já estava desesperada de sono, já eram quase 23, e a cabeça já me pesava horrores. Deita-se e sabendo que fez birra diz-me fica contente mamã, sorrio. Tinha dito que não tínhamos bolachas de manteiga, vai ver a despensa, dizia também a meio da birra, na cama diz: o papa tem de ir ao supermercado, às compras, ainda lhe disse 'vai', numa última tentativa. 23h15: o Cookie Monster comeu one cookie, two cookies, three cookies, (fazendo os gestos com os dedos) mas four cookies não, porque o Cookie Monster é blue e estava a fingir que comia as bolachas, caía tudo da boca. Passou a noite a acordar de hora a hora, pediu colinho e disse que 'tem de ser','colo da mãe que está a chorar e a mãe é grande e forte e o papá é pequenino. Não me levantei, e mesmo assim hoje sinto que peso mais 20 kilos e tenho a coluna num oito, quando giro a cabeça até lateja.
Ganhámos coragem para marcar uma noite fora sem o nosso filho, a primeira. A última vez que andámos de avião foi há 4 anos. O miúdo tem 2 anos e 7 meses e ficou uma meia dúzia de vezes a dormir em casa da avó. Dizia eu, marcámos viagem antes do início da epidemia. Começou a estalar a epidemia, e tínhamos ambos ideia que a consulta do pequeno era 15 dias depois. Quando é? No exato dia da viagem. Compramos seguro de viagem a pensar que incluía cancelamento. Não inclui . Podemos adiar. Pagamos cerca de trinta euros por voo, ou seja tanto como gastamos no voo em si. Nada de grave, certo, mas chato e traz desapontamento e perda de dinheiro. E o vosso 2020?
Partilho do mesmo sentimento; a primeira vez que a...
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