As pessoas gostam de drama? De pessoas dramáticas? Aquela pessoa a quem tudo dói mais do que o colega do lado? Aquela pessoas cujas dores, ansiedades e problemas são conversa de café no corredor do trabalho para toda a gente saber e ouvir? Do género a minha unha encravada é pior do que o teu cancro? Que cada dorzinha com duração de cinco minutos já requer toda uma equipa de urgência, os familiares e os amigos todos em redor da cabeceira a dar atenção e mimo? Toda uma vitimização para gerar empatia? Todo um drama para caça de elogios. Nem precisa de ser pessoal, porque também vale falar em pais, filhos e cônjuges, tudo serve. Não consigo perceber isto, a sério que não, convidar o mundo para a intimidade. Sou eu que provavelmente estou mal, já sei. Sei que criei muitos problemas para mim própria quando não gritei a sete ventos porque estive de baixa, o porquê de estar com limitações, as doenças familiares: cancro, parkinson e afins. As pessoas gostam de saber e castigam quando não sabem, a discussão mais surreal, tive-a o ano passado, quando eu estava de regresso depois do meu primeiro aborto espontâneo, e uma colega queria porque queria saber porquê, porque não fazia as funções todas, porque não continuava a resolver os problemas duma área que não me competia (claro que enquanto as resolvi mesmo fora da área, era chata, insistente, sempre a mesma que levava com queixas porque usava o tempo para o rotina e extra) vitimizou-se e disse a coisa mais bonita que já ouvi quando lhe disse que tinha de lhe explicar nada, e ainda atacou outra pessoa que nem ali estava, minha amiga, olha quem me dera ter cancro, assim também já não fazia isso.
Ou querem conversa? É uma pergunta genuína. A interpretação de textos está pela hora da morte. E dá-me cabo dos nervos. Eu digo, de passagem, que algo é maioritariamente X, para fazer um argumento sobre Y. E que não implica necessariamente um procedimento xpto. Vem alma atacada dizer que esse algo muito mais abrangente do que o X. No fim diz que sim, é predominantemente X e que não implica sempre o procedimento xpto. Ora, digo que estamos de acordo e que não estou a debater isso, que a conversa é sobre outra coisa portanto a afirmação simples é suposto ser genérica que algo é em maioria X, e não implica o xpto (já concordou comigo). Novo testamento sobre as miudezas além do X e do xpto porque eu não disse bem isso. É aceitável que a mande falar para o caralhinho e que é burra como sete portas sem dobradiças?
Já vos falei no meu ódio de estimação por árvores de natal brancas? E quando são decoradas em azul? Ou roxo? Ah e tal fica tão diferente. Fica, sem dúvida. Diferente do que é bonito.
A primeira experiência a viver sozinha levou a que quando fui viver com ele agarrasse a oportunidade de viver num último andar. Nunca mais um primeiro andar e nunca mais perto de estabelecimentos por mais jeito que dessem. Entretanto o senhorio revelou se uma peça e aliado a ser uma casa com quase vinte anos e problemas inerentes, acabamos por mudar. A localização é óptima, excelente, o prédio é recente, gosto mais da casa. Tem pavimento de madeira na sala e nos quartos, aquecimento central e lareira. É mais pequena, mas a anterior tinha uma sala de quase 40 metros quadrados que acabava por ser menos acolhedora. Vivo no penúltimo andar, o que implica vizinhos de cima. São sempre um jogo no euro milhões, nunca sabemos o que vai calhar. Depois de um ano e meio ainda não sei com o que contar. Passo dias sem ouvir um pio do andar de cima. Mas. Há sempre um mas. Mas, num ano e meio já fizeram obras quatro vezes. Quatro. Juro que não faço a mínima ideia o que haverá para consertar, mudar, transformar. Como disse a casa é moderna. Fora as grandes obras, martelam com uma frequência absurda. Hoje a sala vibrava com as marteladas no chão ou na parede. A única coisa que me lembro é que a cozinha é enorme e a sala relativamente pequena. Mas eliminar essa parede faz-se de uma vez só. Não em quatro vezes num ano. Não consigo imaginar que estão a partir para fazer eco no largo entre o nosso prédio e o da frente. Agora estão a furar. Também furam paredes com uma frequência que me intriga. Ouvia com frequência uma senhora mais velha a cantar o fado, isso parou, enquanto um senhor mais velho tinha uns espirros épicos, também parou. Noutro período ouvia crianças, agora não ouço crianças. Durante um mês ouvi um cão, não o voltei a ouvir. Durante uns meses ouvi discussões feias, gritos, agora nada. Volta e meia o telefone toca sem parar ao domingo das 22 até à uma, ou até eu me passar e começar a bater com a vassoura no tecto. Durante umas duas semanas às 6 da manhã por mais que uma vez caía ao chão um objecto pesadíssimo, tipo uma TV. Tudo isto me intriga imenso e me irrita exponencialmente mais.
Só que não. E aquelas pessoas que passam meia hora na fila, chega a vez delas depois da seca monumental e não fazem ideia do que querem e passam mais dez minutos a empatar o resto dos desgraçados da fila a fazer perguntas e a decidir em voz alta.
Devido aos efeitos adversos a contracepção masculina que estava em ensaios foi abandonada. Não me interpretem mal, o risco- benefício deve ser bem ponderado em todos os casos. Mas é curioso que os efeitos adversos que acabaram de se provar nefastos e demasiado pesados não chegam a metade dos efeitos adversos da pílula que as mulheres usam há décadas. Muitas mulheres deixam de tomar precisamente por causa deles. Mas este ensaio parou porque não é admissível para homens que a contracepção inclua alterações de humor, e libido, mas os mesmos sejam aceitáveis acrescidos de dezenas de outros, para mulheres, há décadas. Façam o exercício de ler a bula e a lista infindável de efeitos adversos que lá consta.
Há coisas piores, que eu sei que há, mas de momento juro que não me lembro de nenhuma. E mais inúteis. É o equivalente ao adoçante no café acompanhado de um brigadeiro.
Nas creches e escolinhas os putos irem mascarados para o Halloween como festejarem o 4 de Julho e irem para lá com as cores da bandeira. Quando tiver filhos, a "gripe" vai atacar SEMPRE nesta altura.
Partilho do mesmo sentimento; a primeira vez que a...
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