John Oliver é um comediante britânico com um programa semanal nos EUA. Substituiu Jon Stewart no Daily Show durante um breve período e o seu programa é o Last Week Tonight. É brilhante, falei aqui já nele aquando do "Make Donald Drumpf again". No segmento brilhante desta semana desmascarou o negócio de compra e venda de dívida, e as ilegalidades do processo, bem como as empresas de colecta de dívidas, as quais também operam à margem da lei. O que acontece é que a dívida é comprada por uma fração do preço, mas quem a compra tem direito a receber a totalidade do montante em dívida, mesmo que já tenha prescrito ou esteja em tribunal, por exemplo nos casos de fraude. O que está a acontecer, há já vários anos nos EUA é que programas de comédia, ou sátira fazem melhor jornalismo e mais serviço público do que os meios informativos. Um dos problemas nos EUA é o sistema de saúde, qualquer pessoa se pode ver a braços com centenas de milhar em dívida por acidentes, ou cancro. Os seguros de saúde são rápidos a cortar e a dizer que afinal muita coisa não está coberta. O que John Oliver fez foi abrir uma empresa de compra de dívida, gastou 60 mil dólares e comprou 15 milhões de dólares de dívida de cerca de 9000 pessoas. O que fez? Perdoou a dívida a todas essas pessoas. John Oliver é o maior.
Não concordo nada. O que ele fez foi brutal. Mudou a vida de 9000 pessoas. A vida de 9000 pessoas não continua na mesma. Foi um gesto muito nobre e 15 milhões de dólares é muito dinheiro. Expôs práticas ilegais, expôs corrupção. Além de ter aberto a porta e ter ensinado a quem queira fazer o mesmo.
Estás muito enganada se esperas que mais alguém faça o mesmo... o sistema financeiro não o permite. E quem tem mais dinheiro é manda. A produção do programa conseguiu faze-lo porque ninguém esperava e terão tido acompanhamento jurídico, que lhes permitiu passar despercebidos naquela oferta. O próximo que tente fazer algo parecido, terá de procurar outro caminho para passar despercebido.
E já não é o primeiro. Na França, algures em 2009 um empresário fez uma coisa parecida a um grande banco alemão, ao ter adquirido 10 ou 12 dívidas que o banco estava a avançar para a activação da hipoteca, todas no mesmo edifício , ele comprou as dívidas com um corte de 75% sobre o valor total. Depois disso, as pessoas aceitaram pagar-lhe os valores individuais sem juros, durante 10 anos. Ficando a viver nas casas. Ele perdeu o valor que pagou em custas administrativas mas, quem lhe tinha comprado a casa, continua lá a morar e a dívida desceu para 25% do que deviam e o banco deixou de ter possibilidade de ficar com as casas. Sabes o que aconteceu no inicio de 2011? O governo francês alterou a legislação e a banca/financeiras deixou de poder vender dívidas, consideradas de difícil cobrança, a empresários individuais ou empresas não financeiras.
Foi um gesto nobre, não disse nada contra isso. O que estava a dizer é que essas empresas vivem do desconhecimento de muita gente que não tem hipótese de protestar e acabar com estas cobranças coercivas, demasiadas vezes, feitas de formas ilegais.
Partilho do mesmo sentimento; a primeira vez que a...
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