Não quero estar sempre ligada
Mas acabo por reflectir e ficar algo indignada com o discurso na aula de preparação para o parto. " Deixem tudo preparado, não vão querer o pai a mexer na roupa do bebé" "a sério, deixem um saquinho à parte e escolham roupa fácil que a primeira roupinha é o pai que a veste ao bebé " "quando começarem as contrações podem fazer umas limpezas que até ajuda e ficam com a casa limpa para quando voltarem com o bebé ".
Eu optei por ter filhos com um homem adulto pleno de capacidades. porque se insiste no molde de tratar os homens como deficientes ou incapazes de tratar dos filhos? Fazem dos pais uns acessórios que estão lá para "ajudar". Já vos disse que não, não aceito essa palavra. Ele não me ajuda. Eu não tenho muita "sorte". Ele tem um papel próprio. A sorte que eu tenho trabalhei por ela, temos ambos sorte de ter um relacionamento forte, honesto, cúmplice e feliz. O que me irrita este discurso que a enfermeira repete sem perceber o sexismo gritante, a confirmação e perpetuação destes preconceitos. As mulheres são grande parte do problema. Gostam de se queixar que fazem tudo, acabam por ter relacionamentos desconectados e incompletos mas são as primeiras a educar os filhos neste sentido, a criar estes hábitos com namorados e maridos. É suposto eu ter um habilidade natural para vestir um bebé? Ou tratar dele? Ou foi imposto pela sociedade, nos brinquedos que me foram dados a ver se estimulava o meu papel. Oferecemos às meninas mini ferros, e cozinhas, e nenucos e os homens que explorem a ciência e a aventura. Azar dos azares, eu sempre brinquei com carros, pratiquei desportos mesmo dentro dos vestidinhos que uma menina devia vestir e joguei com consolas. Vamos pensar nisto. Vejo tantas mulheres que se perdem nos filhos e nas tarefas porque assim o escolheram, qualquer migalha de "ajuda" do pai e são as primeiras a bater no peito e dizer que têm muita "sorte" e depois os filhos crescem e saem e ficam sozinhas em relacionamentos estragados pela responsabilidade que não é partilhada.