Notas soltas
O novo fenómeno de baptizados e comunhões em quintas, como se casamentos se tratassem dá azo a uma variação brutal de indumentária. Temos desde ida à praia, ou comprar o pão até cerimónia ao fim do dia com vestidos compridos e lantejoulas, penteados elaborados e maquilhagem, completo com a troca para chinela depois da igreja, bem como tudo no seu intermédio. Sinto-me com 100 anos, uma velha do Restelo, mas no meu tempo (já uso esta expressão, que triste), havia um lanchinho em casa dos pais, não eram oito a doze horas de festa. Já não vejo sandes em pão de bico de pato há uma década. Sim, porque até os aniversários de crianças têm catering e decoradora. Acho que a minha geração está com dificuldade em dosear entusiasmo e em adequar expectativas. Os casamentos passaram de um almoço no restaurante no tempo dos nossos pais, para quintas, fogo de artifício, três pratos, várias mesas, sushi e ceia, animação para crianças, saxofone ou quartetos de cordas, às vezes dois vestidos de noiva, sessões de solteiros, despedida de solteiro em três momentos com viagens para fora do país, trash the dress, surpresas aos noivos e aos convidados, coreografias. Dezenas de milhar gastas num dia, numa festa, é algo com o qual ainda não consigo lidar, não me cabe na cabeça este segmento de negócio que se alicerça no exagero e ostentação de um dia, acredito que há um meio termo.