Opá rir, rir é o melhor remédio
Ando há dias indisposta com os comentários que leio nas notícias sobre vacinação. Sério que ando. A desinformação que propagam, a arrogância ignorante, a soberba intelectualmente deficiente. Os argumentos falaciosos, a falta de entendimento, a negação de princípios básicos. A afirmação que certas coisas não estão bem explicadas, quando só não estão para quem ou tem défices de compreensão de leitura e/ou quer ler artigos complexos sem bases em biolohgia, química, virulogia, bacteriologia, imunologia, saúde pública. Ou que as tendo tido, passaram sem as compreender, o que é perfeitamente possível no nosso sistema de ensino. Há muitos, muitos licenciados que escrevem fize-mos, e disse-mos e tiveram 12 anos de português, até podem ler livros e são cultos. Todos temos falhas de conhecimento. A partir de agora vou rir. Hoje li mais uma posição anti-vaxxer no público. Já tinha lido muitas e visto muitas. É uma ignorância instruída. É uma ignorância inexorável, por isso a partir de agora rio. Rio com frase como: fiz a minha pesquisa e decidi em consciência não vacinar. Rio, porque não há nem um estudo com peer review, nenhum ensaio clínico que diga isto. Então estes pais só podem ter deixado de trabalhar, submetido as suas ideias a trabalho científico, gasto horas em laboratório, ter passado por todas as fases de um estudo bibliográfico para depois submeterem a sua hipótese a teste, com toda a certeza também já têm resultados dos seus estudos de coorte. Rio porque não há nem um site ou fonte credível que diga isto. Rio porque só as vacinas são o problema como ironizei neste Post. Rio porque o nosso ambiente industrializado não é um problema mas as vacinas são. Rio porque a aspirina pode causar síndrome de reye e cada vez se lhe encontra mais aplicação. Rio porque se beberem água a mais podem morrer. Rio porque com 10 grama de benuron têm necrose hepática. Rio porque os efeitos adversos da pílula são uma pequena lista telefónica. Rio porque posso fazer alergia à penicilina mas não deixo de tomar todos os antibióticos. Rio porque se fizer alergia a morangos não deixo de comer bananas. Rio porque para as farmacêuticas dá muito, mas muito mais dinheiro vários dias de internamento do que com uma singela vacina. Rio porque os oceanos estão cheios de poluição, e o problema são as vacinas. Apenas a morte de um familiar directo faz uma destas pessoas mudar de opinião, quando sentirem o desespero, mas não somos donos da vida de ninguém, espero rir porque se tornará obrigatório, como a escolaridade, os impostos, como tanta coisa que não podemos confiar ao juízo individual. Os filhos não pertencem aos pais, é direito, um dever do estado zelar pelo superior interesse de um ser indefeso que ainda não tem capacidade de decidir por si, e é isto que tem de ser debatido.
Tudo é veneno, nada é veneno, a dose faz o veneno.
Quanto ao autismo, leram o estudo Wakefield e leram de certeza os conflitos de interesse com escritorios de advocacia, do acordo para as indemnizações e a vacina vaspr que ele tinha patenteado pata comercializar logo após descredibilizar a que estava em uso. Ou leram e continuam a acreditar no charlatão. Devem ter ouvido muita Jenny McCarthy, que após insucesso em lançar o seu filho como indigo child e o seu site indigo moms, decidiu que afinal o filho era autista por causa das vacinas o que ganhou tracção, senão certamente tinha de escolher outra coisa para o filho ser. Quem já lidou com bebés que depois são diagnosticados dentro do espectro do autismo vê os sinais muito antes da vacina à idade que dizem, são bebés que usualmente e vamos perceber que é um espectro, há várias manifestações da doença e muito mais crianças caem no diagnóstico, e a comunidade está muito mais alerta do que há vinte anos; os bebés infelizmente falham ou têm dificuldade noutros marcos antes da tal vacina. Antes dos 12 meses já não mantém muito contacto visual seja com quem for, têm dificuldade em segurar a cabeça, em gatinhar, em andar, em começar a falar, não apontam para objectos com o dedo, não reagem ao próprio nome, entre outros, tem uma componente genética, e o diagnóstico definitivo surge após os 18 meses, normalmente aos dois anos em média.