Réveillon
Não há mesmo coincidências. Vi um episódio do How I Met Your Mother, quando ainda era bom, sobre a passagem de ano. E hoje, nos destaques do sapo está um texto fabuloso sobre a passagem de ano que espelha a minha opinião também É a maior mentira do ano. Caiem sobre essa noite expectativas irreais, e é apenas mais uma noite.
É o tópico da semana, impossível de contornar.
Já tive passagens de ano brutais, já as tive normais e um ou dois fails também. Já estive numa festa que iria ser espectacular, bilhetes difíceis de arranjar, e acabamos por ter de vir embora porque estava a ser a maior seca. Os primeiros 10 anos que passei a passagem de ano fora de casa, adolescência e início de vida adulta eram momentos muito aguardados, planeados, agora nem por isso.
É uma noite normal, jantar com amigos, e um "pezinho de dança". Já as vivi de quase todas as formas, a primeira vez que não passei com os meus pais foi no ano do primeiro Big Brother no início deste século, deixaram-me, finalmente, passar com amigos. Desde então, já passei em casa de amigos, em casa de amigos mas fora da cidade, implicando ficar lá a dormir, em caminha mas também em saco cama no chão noutras ocasiões. Já fui para festas mais formais, e nada formais, em restaurantes, e depois para outra festa, já jantei com os meus pais e depois fui para uma qualquer festa em discotecas ou bares. Já passei a meia-noite com uns amigos, e depois fui ter com outros a um bar, para não falhar a ninguém e ter a festa calma com amigos já com filhos e depois a costumeira bebedeira de passagem de ano. Já estive numa festa onde o anfitrião ficou estupidamente bêbado antes da meia noite, e o chegou, cedo, e até ajudou à cena de meter o rapaz na cama, e viemos embora ainda cedo, uma e tal, cortou a diversão a toda a gente. E não, não éramos adolescentes, o que só piora a história. A única coisa que nunca fiz, mas também não quero mesmo fazer é passar a meia-noite na rua, não me lixem, estar na rua em romaria para mim chama-se S. João no quentinho do verão.
Já não vejo quase ninguém excitado com a passagem de ano, toda a gente se queixa do mesmo, acabam por chegar a um compromisso com os amigos mais próximos do que fazer, como se não fazer nada fosse uma grande blasfémia. É muito difícil dizer que não se quer fazer nada, q pressão social está demasiado instalada. Podemos ter muitos amigos e mesmo assim não apetecer uma grande ramboia. Vê-se a expressão na cara de quem contamos que não queremos planos nem festas, que a festa é a dois. Soa a triste mas não é, estou a passar mais uma noite com a pessoa que escolhi passar todos os meus dias. Nem sempre pensei assim, nunca quis passar assim a passagem de ano, mas a vontade mudou há uns dois anos. É preciso desmitificar a passagem de ano. Pode gostar-se muito do ritual mas querer uma coisa tranquila, para variar.
Em todo o caso, há alguns anos que não ligo especialmente à passagem de ano e não faço planos. Aliás a reserva do jantar de amigos do ano passado foi feita à hora de almoço do dia 31, quase corria mal. O ano passado não me apetecia mesmo nada sair, a pressão social acabou por levar a melhor e fui só jantar e foi bastante divertido, porque com amigos a tendência é a diversão.
Este ano continuo sem vontade de ir a lado nenhum, são multidões com preços exagerados em todo o lado. Talvez seja o primeiro ano que a passe só com o meu namorado. Nunca o fiz e é o que apetece, a minha casa, os meus programas.
A única coisa que gostava de fazer era viajar na passagem de ano! É a única coisa que me falta fazer. Como gostava de passar a passagem de ano num sítio com neve, em Nova York, é esse o meu sonho.