Ser adulto
Tinha uma grande ânsia de ser adulta, acho que é bastante comum. Mas ao contrário de muita gente tinha alguma noção que não eram tudo rosas. Imaginava os adultos com fatos, saias travadas, atitude muito responsável e cerimoniosa, nada de dinheiro esbanjado, cheios de compromissos sérios. Eu queria ficar com 23 anos para sempre. Porque 18 era muito pouco para ser levada a sério achava eu na adolescência.
O primeiro ano no mundo do trabalho foi espectacular. Não só pelo mundo de trabalho e ter um ordenado mas porque tinha uma grupeta porreira, e condições mais ou menos, as pessoas na minha vida gozavam de saúde, tinha um bom namorado e um grupo de amigos óptimo, saía só com um dos grupos, em estilo sex and the city religiosamente uma vez por semana até de manhã. Andava sempre a correr entre grupos, namorado e família, cansada mas feliz. Não me sentia propriamente adulta, achei que esse sentimento iria chegar.
Fui viver sozinha, enquanto fazia o mestrado. Achei que seria nesta altura que me fosse sentir adulta.
Fui viver com o meu namorado, hoje pai do meu filho. Achei que agora sim, entre casamentos, nascimento de filhos de amigos, idade a passar e os trinta na esquina me fosse sentir adulta. Pois que passou e andou. Veio o meu filho. Cheia de responsabilidades continuo a sentir-me uma miúda, que estou a fingir isto de ser adulta. Comecei a desenvolver a teoria, muito baseado do que via no local de trabalho, amigos e mesmo aqui nos blogs que isto de ser adulto é uma mentira. Só via atitudes de adolescentes. A minha teoria é que se esbarra ali na adolescência e não se cresce, vejo muitos adolescentes com conta bancária e crédito imobiliário.