Viver junto #1
Juntar trapinhos, amantizar, viver em pecado, ou sagrado matrimónio para quem é o caso.
Não é tudo rosas, não é uma lua de mel, não é mágico e fácil. Há um período de adaptação, há conciliação de hábitos e maneiras de estar. Aqui terão toda a verdade sem dourar a pílula.
Já vos disse que sou muito feliz, que não imaginava melhor pessoa para dividir os meus dias, nem melhor relacionamento, ao fim de semana acordamos devagar e com longas conversas, rimo-nos um com o outro, cozinhamos juntos, os dias são fáceis e bons, mesmo os dias difíceis têm sido melhores na partilha, mas nem sempre foi fácil e a adaptação custou um bocadinho. Pelo menos foi assim comigo e com ele. Eu vivia sozinha, ele vivia com os pais, é natural que tivéssemos hábitos completamente diferentes. E claro que só ele estava errado, muahahah. Bem, mais a sério, ele não tinha noção de como gerir uma casa porque nunca fez nada em casa dos pais, não sabia cozinhar e não sabia nada da lide doméstica. Eu sou uma firme crente que o trabalho doméstico é para dividir pelos dois, trabalhamos os dois a tempo inteiro, portanto não há como não dividir o trabalho doméstico. Se fosse para cozinhar TODOS os dias eu estava fora, não obrigado.
Adiante para as coisas mais engraçadas, comecei a notar que a pasta dos dentes e o champô não duravam nadinha. Estava sempre a comprar champô e pasta dos dentes. Mas que raios. Até que fui ver com os meus próprios olhos a raiz do problema. O homem vivia num anúncio televisivo para champô e pasta de dentes! Procurei câmaras e tudo no nosso w.c.!
As meias. Outro problema grave nas nossas vidas foram as meias. A mãe fazia descoberta e captura de meias pela casa toda. A bem da nossa vida sexual não quero ser maezinha dele. Deixava meias em todo o lado. Ao lado da cama. No w.c. Na sala. Falámos sobre isso, disse que não gostava da desarrumação e que não lhe ia catar meias pela casa. Não deve ter registado. A dada altura estamos a ver tv e ele faz das meias fisgas, tira-as dos pés lançando-as pela sala.
Hmmm, o que estás a fazer?
Estou com calor nos pés.
Está bem. Mas no final da noite não quero roupa interior no chão da sala, por favor.
Costumava chegar a casa e dar um jeitinho à casa. Quando aspirava, levantava as meias, aspirava, voltava a pousá-las.
Olha não tenho meias.
E que tenho eu a ver com isso?
Não puseste roupa a lavar?
Eu fiz uma máquina, se estava no cesto, foi para lavar. Se não estava, não foi.
Mas aspiraste.
Pois aspirei, e as meias que estavam no chão de todas as divisões, lá ficaram.
Aqui percebeu que falava a sério, recuso-me. Está muito melhor, mas ainda tira as meias quando se deita e as coloca no chão, sabe é que de lá não saiem a não ser pelas mãos de quem as lá deixou.