Tinha um siso a nascer, foi a conclusão óbvia tais eram as dores. Durante a noite acordava com dores no maxilar e no dente, as gengivas estavam muito doridas e inflamadas na área. Não é, de todo, a melhor altura, não o posso tirar tão cedo. Fui ao dentista, viu. Não tenho siso coisa nenhuma, era um molar que sempre lá esteve, bela figurinha que fiz a falar num dente imaginário. É bruxismo, desencadeado por stress e ansiedade. Nunca em mais de trinta anos tive semelhante, daí não ter sequer pensado nesta hipótese, mais depressa acho que é um quisto se bem que a dor é diferente. Os meus dentes parecem a temporada oito duma série, ou daquelas novelas mexicanas, estão a inventar argumento para se manterem relevantes, não vá eu ter uns meses sem dramas dentários. Porque ter de cortar o freio duas vezes e ter DOIS quistos em 5 anos claramente não era suficiente.
Numa das noites da semana passada ia jantar sozinha. Não foi novidade. Sabia e andei a ver receitas. Salada de quinoa, tostas de abacate, vi mais umas quantas coisas que até já tinha feito mas que ele não gosta. Comi um cachorro e de sobremesa fiz fondue de chocolate com fruta.
O meu amor por torradas já foi extensivamente discutido por aqui. É amor incondicional. Sou muito esquisitinha - sim com torradas também - e detesto aquela torrada antiga que não é rectangular, e cujo pão é mais seco que as piadas do Nilton. A recordação mais antiga que tenho sobre torradas vem de quando aprendi a ler. Passava no autocarro na praça da República no Porto. Em letras garrafais: pingo doce. Ficava fascinada. Um belo dia disse à minha mae: eu quero ir ali beber um pingo com meia torrada. Riso da minha mãe, a menina das torradas, quer torradas. Na minha inocência pingo doce era uma mega pastelaria, então se o nome era pingo doce, como não servir pingos e meias torradas?!
Está a chegar. Nunca jantei fora neste dia, e vou continuar a não o fazer. Preços puxados e romantismo sincronizado não são para mim. Mas no mês do dia dos namorados, fazemos um jantar nosso. Receitas caprichadas, os dois na cozinha. Vieiras, beef wellington, algo diferente. Este ano numa loucura antecipei-me e comprei lingerie toda gira, daqueles especiais valentines feitos para nos irem à carteira. Uma vez não são vezes, e até me lembrou em investir neste departamento, quase 100 euros em compras. Estava eu a falar no soutien muito giro, por sinal. Experimento. Não me servem. Não fazem tamanho acima. Tudo certo. Uma pessoa vai contra a natureza (do contra) alinha na celebração colectiva do amor e não tem reforço positivo nenhum.
Muito me rio com ele. Tudo o que tenha que ser feito à pressa tem um potencial de desastre enormíssimo. Tínhamos decidido comer polvo, após ele se ter oferecido para ir comprar carne para hambúrguer ao talho. Lá lhe disse que tinha colocado polvo a descongelar. Chegou a casa. Tinha ido ao talho, "conforme tínhamos combinado". Ok, a semana toda a comer peixe, interpretei como desejo inconsciente do nosso hamburguer com brie e cebola caramelizada. Mesmo no fim da confecção lembrei-me da salada. Enquanto eu empratava e trazia tudo ele ficou a fazer a salada. Pepino cortado fino em vinagre, gostamos muito. Diz ele, vou guardar metade senão é muito só para esta refeição. Começamos a comer. Comi vários pedaços e fiquei a matutar. Ao décimo pedaço. Isto não é pepino, é courgette. Riso total, diz ele, não pode ser. Ai pode mesmo, ora olha com atenção. Teve que ir à cozinha ver o pepino para se acreditar em mim.
De red velvet. Não tinha corante alimentar. Portanto o meu red velvet nem cor de rosa ficou. Ainda peguei em beterraba e coloquei ao lume e extraí uma corzita. Mas aqui a inventora da cozinha esqueceu-se de ver se tinha farinha. Portanto o meu bolo foi feito com farinha integral, e por isso a cor não deve ter pegado. Ahhhhh, close enough, quero lá saber, vou considerar um êxito. Assim comássim está mais saudável qualquer coisa porque a cobertura de queijo creme, toda ela, é uma facada na dieta.
Ele não tem um blog. Portanto só vos conto as minhas peripécias que lhe agastam a paciência se eu quiser. Muahahahha. Tanto quanto vocês sabem eu sou uma fada do lar prendadísssima... Só que não. Sou pessoa atabalhoada. Bato contra as coisas. Sou a rainha de fazer as receitas à minha maneira, mudo sempre alguma coisa, simplifico que nem é bom. Há uns meses estávamos os dois a cozinhar na yämmi. Criei o hábito de poupar, fazer receitas simultaneamente para poupar energia. Estava a fazer sopa no copo, e legumes ou peixe ao vapor na bandeja.
Apressadinha e dada à experimentação como sou, inventei. E que tal tal triturar a sopa com a bandeja acoplada? Na minha ideia ia poupar tempo e ser prática... Pois. Só mesmo na minha cabeça. Saltou sopa por todo o lado. Paredes, bancada, yämmi. Ele nem disse nada. Toca de passarmos vinte minutos a limpar a minha asneira. (enquanto eu me ria da minha própria estupidez)
Ia fazer uma máquina de roupa. Lançada, enchi o copinho com detergente do chão. Por pouco, senhores, foi mesmo por um triz. Acham que corria muito mal?
Partilho do mesmo sentimento; a primeira vez que a...
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