Recentemente é lei e pressupõe coimas pesadas. Já me deram lugar por duas vezes, as pessoas à minha frente. Mais frequentemente continuam a olhar para mim, para a barriga e depois dá-lhes ali um torcicolo que só olham em frente e se fingem ocupados. Aí e porque o que dispenso agora é discussões olho directamente nos olhos dos funcionários com a mão na barriga e de lado para não haver confusões e são eles que me chamam. Nos correios cheguei na abertura, a máquina estava desligada e não há senha de prioridades, as três pessoas à minha frente tiraram senha à minha frente, a funcionária perguntou se queria passar e claro que quis. Ainda por cima era uma carta para a segurança social, nem sequer era lazer. Não percebo como tem lá a máquina e seria tão mais simples haver a opção de prioridade. Mas a melhor foi mesmo no supermercado, esta semana, chegada à fila estava um carrinho meio de lado, nem achei que estivesse na fila. Vem a sua dona, e vê-me grávida e mesmo assim retoma uma posição "marcada", com vários produtos que foi buscar, que lata. Passados dois minutos de espera e depois de ter olhado novamente para mim finge-se ocupadissima, nós so com um pequeno cesto, ela arruma cestos, ela mexe-se, dar o lugar nicles, começa a por frenéticamente as compras no tapete, afinal a pressa está no seu auge, visto que só lhe deu há dois minutos. A rapariga à frente dela também me viu antes de colocar no tapete, mas tinha poucas compras, tranquilo. Vista esta figurinha e para não me chatear, faço o mesmo, olhar para o funcionário, mão na barriga de oito meses, vê-me depois de atender a rapariga nova e oferece prioridade, aqui foi com grande satisfação que aceitei, passei por ela sorri, e estive o tempo todo de registo das compras a sorrir para a cara de tacho da espertinha a quem passou a pressa toda.
Só que não. E aquelas pessoas que passam meia hora na fila, chega a vez delas depois da seca monumental e não fazem ideia do que querem e passam mais dez minutos a empatar o resto dos desgraçados da fila a fazer perguntas e a decidir em voz alta.
Finalmente, aleluia irmão (ler em sotaque brasileiro). Adoro retribuição imediata pelas más ações. Acho que é só mesmo assim que as pessoas aprendem. Isso ou uma chapada, mas diz que é violência e não se pode, pena. As que têm capacidade de aprender, claro, as que nasceram sem o gene da vergonha e sem escrúpulos são para esquecer. Muitas vezes sou eu que faço essa retribuição, quando é directamente comigo, que não sou de ser prejudicada assim, gratuitamente.
Situação 1
Novas filas do continente
Estamos no início da fila, a percorrer devagar e com calma porque vínhamos dessa direção, e uma chica-esperta, ultrapassa-nos. Não havia fila. Ela tinha um carrinho pequeno, nós também. Rangi logo os dentes e ele apertou-me a mão, numa de deixa lá, vamos ser zen. A chica-esperta parou no meio dessa fila, que está cheia de artigos mesmo daqueles para serem comprados à última hora, manobra de marketing. Mal ela pára, fazemos os dois força na mão, decidimos os dois acelerar e passá-la à frente. Não resisti, gargalhei, e disse audivelmente, karma.
Situação 2
Centro de saúde, logo ao abrir. Fila imensa e vagarosa, até à porta. Estou a duas pessoas de ser atendida e vem uma senhora mais velha, Chica-esperta que só ela, passa a fila inteira, mete-se dentro da zona vermelha. A dado momento achei que era familiar da pessoa que estava a ser atendida. A típica espertinha que só vai fazer uma perguntinha, mas que quer é ser atendida primeiro. Ia falar. Tive calma. A senhora à minha frente ia falar, mas foi chamada para o balcão ao lado. A senhora perguntou logo pela senhora X, que não estava. E começou a explicar uma historieta complicada, 2 minutos. Se se sentasse ia falar e ia para o fundinho da fila, mas a funcionária, atenta, foi correctíssima, adorei. Está na sua vez, diz a funcionária para a espertinha? Abanei a cabeça, e disse que não. A funcionária mandou-a para o fim da fila aguardar vez. Esta funcionária precisa de um prémio, quero recomendar uma promoção.
Fui ao sapateiro. Não havia fila, a senhora à minha frente estava a pagar. Entrou uma pessoa atràs de mim. Comecei a falar com a funcionária e a senhora entregou-lhe uma saca. A funcionária pediu 1 minuto. Continuei a falar e a senhora interpelou-a outra vez, e mais uma a mostrar um documento qualquer. Estava a saltar-me a tampa. Virei para me passar e a funcionária voltou a dizer que tinha mesmo de esperar mais um minuto. Se a criatura não tivesse tentado ser esperta tinha demorado um minuto. Com a esperteza saloia nem conseguiu passar à frente UMA pessoa e eu demorei três minutos a ser atendida. Gostava de saber quem não tem três minutos a perder na sua vida? Arre pessoas, esse mal do mundo. Continuo a dizer que a Terra é um sítio agradável, aí com um terço das pessoas fazia-se uma festa melhor.
A farmácia onde fui hoje tem sistema de tickets e 7 balcões. Acho um sistema muito bom, e pode ser que ajude a motivar as pessoas a esperarem longe da pessoa seguinte, um péssimo hábito dos portugueses que é o de se colarem a ouvir a história de desconhecidos, até no banco e na farmácia. Cheguei e tirei o ticket logo a seguir a uma senhora. Logo a seguir entrou um senhor e tirou o de prioridade. O senhor parecia ter défice cognitivo. A senhora que estava antes de mim foi logo tirar um ticket de prioridade. Reforço que não estava ninguém à frente dela, estava todos os balcões a atender mas não havia fila. O senhor que tirou o ticket, saiu da farmácia. Chamaram o ticket dele e não estava. Chamaram um da fila geral, e charam, confettis, fogo de artifício era da espertalhaça claramente normal, ela e o marido. Passaram perto de mim e deitei-lhes o meu olhar, eu vi tudo e vocês metem-me nojo. Chamaram outro ticket de prioridade que era da senhora que fez o triste espectáculo e já estava a ser atendida, e chamaram o meu. Passaram-se nem cinco minutos. Talvez um dia aqueles dois precisem mesmo da fila prioritária e venha outro como eles à frente. Acredito piamente no karma, pode não ser hoje nem este ano, mas espero que aquela senhora engula a esperteza saloia. Já vos disse que não gosto de pessoas. De espertalhaços tenho nojo.
Creio ter experienciado a melhor fila do ano. E sabeis que é bom porque o afirmo em Março. Começa pelo único senhor deste século que paga três artigos por cheque e como tal faz perder 10 minutos da vida de toda a gente. E são 10 minutos desperdiçados que nunca os recuperarei. Depois a supê tia que quer, oh se quer tratar os três filhos por você. Pele alva, olhos claros e uma pseudo farda, todos de azul, embora mais velho, com os seja 11 anos esteja de sweat. Nada chique. Vê-se que o tique do você é recente porque além do mais velho não ser tratado por você, fugiu-lhe para tu várias vezes. Dinheiro fresco, novo riquismo a estalar de novo. Depois a perda de compostura: estejam calados caramba. Logo a seguir: a menina sabe que a mãe ainda se lembra do continente abrir? Foi um excitamento. Lindo, é que nem foi uma excitação.
No fim quase apresentei a mãe aos três filhos, assim numa de quebrarem o gelo.
Bom, teria aqui uma pequena dissertação acerca deste tema. Um dos meus pet peeves essenciais, um ódiozinho de estimação.
Depois de duas idas a bancos diferentes, uma farmácia e as habituais idas ao supermercado, os níveis de irritação atingiram picos.
Quando me apercebo das pessoas a chegar à fila, já topo quem são aqueles que vão estar a 15 cm de mim nas filas do continente! Porquê, pessoas? Porquê?
Querem cheirar-me o cangote? Acham que eu me vou andar mais 2 centímetros? Eu ando esses 2 cm para ver se eles se tocam e... eles tornam a colar-se a mim! Ao ponto de roçarem baterem na minha carteira e de eu sentir odores pessoais...
O que é que vocês querem? Querem ver o meu código pessoal?
Alguém, um dia, terá de se debruçar sobre esta calamidade que se abate sobre nós! Lembro-me de estudar em psicologia o conceito de espaço íntimo! O espaço social é UM metro, acho eu. Tese de doutoramento: "Implicações éticas, morais e sócio-económicas do fenómeno do indivíduo que se cola ao próximo na fila", e depois iam e estudavam o indivíduo no seu habitat natural, a fila do continente e chegavam à força que os motiva e à falta fundamental de uma chapada no momento decisivo seguida de um "pára com essa merda que isso irrita".
Porque se no continente me irrita, na farmácia ou no banco quase me dá um piripaque nervoso e sou obrigada a falar para estas pessoas. Numa farmácia ou num banco há informações privadas! Eu quero lá saber se a pessoa ao meu lado precisa dum lubrificante específico ou tem uma gonorreia terrível! É que nem com a linha vermelha a malta lá vai. "O horror, o drama, a tragédia!"
Tenho um sonho há uns anos, de haver uma polícia dos bons costumes, mas em bom. Nada de SS, nem de PIDES, nada político nem discriminatório. Só alguém que viesse dar duas ou três chapadas nestas pessoas e noutras tantas situações que me irritam. Entretanto, a semana passada numa reposição do gato fedorento vi um sketch com exactamente isto! E pensei, vou escrever um blog!
Partilho do mesmo sentimento; a primeira vez que a...
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