Porque baixamos a barra de decência e educação? Qual é exactamente a vantagem de ter bons cenários, jornalistas, e personalidades supostamente respeitadas a discutir futebol, se se insultam, se gritam, se fazem figurinhas deprimentes? Não era mais produtivo, mais barato e se calhar muito mais civilizado andar de café em café pelo país a gravar grupos de amigos a discutir os jogos?
Ando alheada, já gostei muito, ia ao estádio, via os jogos no café, em casa. De repente cansei-me, dinheiro a mais, importância a mais, corrupção a mais. Ciclicamente acontece-me. Não faltam outros desportos mas pelo telejornal, de todas as estações, não o saberia. Esta semana, especialmente, há futebol em todas as esquinas, redes sociais, aqui nos blogs. Não quero saber, não tenho interesse e não tenho como não ler sobre isso. Deve ser assim que quem não vê Game foi Thrones se sente aqui com o meu blog.
Começo por um disclaimerzinho. Não vou insultar ninguém, nem mesmo quem tem suspeitas de violência doméstica, nunca trabalhou, se licenciou tarde e na privada, e começou logo a gerir empresas duvidosas. Nem os de esquerda, nem os de direita, nem quem fez um do li ta para votar.
Voto há muitos anos, e votei sempre. Loucura das loucuras, não trato os partidos como clubes de futebol.
É que vendo bem os clubes de futebol não me afectam o salário, a minha carreira, os meus impostos, e a minha dignidade para viver. E não gasto dinheiro nem com a política e com o futebol gasto muito pouco. O que isto quer dizer é que dificilmente terei votado duas vezes igual. Nem me lembro bem, só com muito esforço. Porque o meu voto é influenciado pelo estado do país, o cargo que vou eleger, o programa político, e as pessoas, talvez este último o mais importante. E porque muitas vezes voto no mal menor ou por quem não quero lá. Desta vez não queria lá ninguém, nem queria sair do euro, nem queria mais privatização, nem voltar a salvar bancos, nem esconder défices, nem mascarar taxa de desemprego, nem dar poder a quem mente e é apanhado em contradições graves em apenas quatro anos. Quem diz que o pec 4 é excessivo e que a carga fiscal é adequada e depois em quatro anos a agrava três ou quatro vezes.
Não queria mais submarinos, tecnoformas, freeport, bpn, bes e afins.
A minha humilde análise é:
Nos últimos quatro anos fizeram-se mais greves de que eu tenho memória de haver noutro período. Na minha opinião mostra o descontentamento.
Quase metade da população não foi votar. A abstenção foi assombrosa. Os motivos são vários, e desconhecimento de que em Portugal nem os votos em branco nem a abstenção fazem diferença. Para muitos a abstenção pretendia mostrar descontentamento e falta de opção válida para governar. Indiferença e ignorância em geral. E muitos, emigrados, deslocados, pessoas com informação desactualizada. Estes motivos são especulação minha, e em todo o caso, não podem ser apurados com certeza. A verdade é que as pessoas não foram.
O PSD teve o segundo pior resultado desde o 25 de abril.
Dos 56% que foram votar, 36,8% das pessoas votaram na coligação. Menos de dois milhões de portugueses.
Dos 56% dos portugueses que foram votar, 32,4% votaram no PS. Apenas menos 4%, 200 e tal mil que na coligação que traduzem em mais de dez deputados.
Mais de metade das pessoas que foram votar não querem que este governo continue no poder.
Ainda assim a maior probabilidade é que apenas dois milhões de portugueses vão permitir que este governo tome decisões por DEZ milhões de portugueses.
Mais chocante que isso, o pdr, partido de marinho e pinto não elegeu ninguém e recebe 170 mil euros por ano.
Partilho do mesmo sentimento; a primeira vez que a...
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