ps: o pensamento vigente na altura era: a mulher não é um cérebro, é sexo, o que é muito melhor. Tem um único papel no mundo: fazer amor e perpetuar a espécie.
Hã? Lindo. Que venham os sexistas dizer que feminismo não é necessário. E para as pseudo-feministas que vejam o que é luta pelos direitos humanos
Por iniciativa própria e gratuitamente, equipou carrinhas e fez, com a filha raio X a soldados feriados durante a grande guerra. A filha descobriu a radioactividade artificial e recebeu um prémio Nobel.
Há dias comentei num blog acerca de feminismo. E chamaram-me feminista com conotação negativa. Não percebo a associação. Para mim é um elogio, acredito na igualdade de oportunidades e de tratamento. Feminismo é a luta por direitos humanos e pela igualdade de género.
Em boa verdade até percebo, há aí muita mulher confusa acerca do conceito, o que levou à sociedade a ver com maus olhos o feminismo. Ainda no dia da mulher comentei noutro blog que dizia que ser mulher era mais especial, e que sentimos um filho dentro de nós e temos um vínculo mais especial. Tremi, fiquei com trejeitos oculares durante largos minutos com a coisa mais sexista que ouvi. Estar condenada e restrita a uma função biológica é muito sexista e parvo, ignorante até. Há mulheres que escolhem e há mulheres que não podem ser mães, não são menos pessoas nem menos mulheres por isso. As mulheres que adoptam são mais especiais do que as que tiveram a capacidade biológica só para depois maltrataram os filhos. Durante séculos se lutou para a mulher poder ser mais do que mãe. Não que ser mãe não seja meritório e seja o objectivo de vida de algumas mulheres que estão no seu direito de se sentir completamente realizadas só por um papel. Como estão ao que preferem apenas outros e não o de mãe.
A opinião de Maisie Williams, actriz que dá vida a Arya em Game of Thrones, espelha o que penso.
"Lembro de pensar: 'É tipo como toda a gente?' E aí eu reparei que nem toda a gente é feminista, infelizmente"
"Mas também acho que deveríamos parar de chamar feministas de 'feministas' e começar a chamar as pessoas que não são feministas de 'sexistas' — e o resto das pessoas são só humanas. Ou você é uma pessoa normal ou um sexista."
Li tanta tanta coisa tonta que até fiquei abafadinha dos olhos.
Para começo de hostilidades discordo fundamentalmente das prendinhas, florzinhas e jantares com o mote do dia da mulher. Para mim, e sublinho para mim, este dia não é nada disso.
É uma triste lembrança das lutas que foram precisas para chegar até aqui, e aqui em Portugal, e do que há ainda para fazer em países como nosso. A desigualdade ainda está viva e de boa saúde. Com a pressão para engravidar, nos empregos, com a falta de oportunidades de progressão, com os ordenados desiguais. Com coisas muito simples de que uma mulher não é assertiva, é mandona, é um cabra, e um homem nas mesmas condições é um líder. Como se pode ver nas presidenciais americanas em que a Hillary Clinton é publicamente acusada de ser esganiçada e gritar, e nada é dito aos homens, querem ver que o Trump não grita, esbraceja, atira água e ainda fala no tamanho do seu pénis e nada é dito acerca disto na imprensa. Mas principalmente do que ainda se passa em tantos países do mundo, em que as meulheres não gozam de uma cidadania plena de direitos.
Desde o super mulheres, especiais, rainhas, princesas, deusas, melhores, mais completas devido à capacidade biológica de gerar um filho e amamentar. Nada mais absolutamente tonto do que a mulher é melhor porque gerou vida e amamentou. Estúpido mesmo. A roçar a ignorância, há mulheres inferteis, há mulheres que escolhem não ter filhos, há mulheres que escolhem adoptar, há mulheres que escolhem não amamentar. Há mulheres que dedicam a vida aos outros, e são por isso quê, menos mulheres? Limitar ou engrandecer uma função biológica predeterminada deve ser do mais redutor e mais contra a igualdade de género que já ouvi. Conseguem engravidar sozinhas? Quer parecer-me que não. Sem um homem não vão lá, não nos reproduzimos por gemulação.
Mãe é mãe. Pai é pai. Filho é filho, tio é tio, and so on. Argumento parvinho de todo. Quantas são más mães, ausentes, egoístas, castradoras, que abandonam e maltratam os filhos? Quantas mulheres são as únicas culpadas pela falta de ligação do pai ao filho, que não lhe permitem exercer o papel de cuidador de forma igual? é preciso fomentar a ligação do pai ao filho e permitir que saibam rotinas, necessidades, é preciso também que saibam libertar o controlo do filho. Querem fazer tudo nos primeiros anos, depois o cansaço abate-se sobre elas e passado uns anos estão a atirar esse cansaço e controlo exclusivo como arma de arremesso em discussões.
São estas coisas parvoinhas que dão cabo do dia da mulher e não há um único ano em que a utilidade do dia não seja posta em causa.
E dos iluminados que ano após ano continuam a achar uma frivolidade. Não quero cá prendas nem flores.
Por demasiados anos foi negado o ensino superior às mulheres, foram-lhe roubados feitos académicos com base no género.
Bastava que a igualdade de género fosse uma realidade no mundo todo.
Que não houvesse mutilação genital. Em Portugal há mutilação genital.
Que não houvesse diferença nos direitos e deveres com base no género.
Que não houvesse diferença entre ordenados com base no género.
Que não houvesse diferenças de papéis e expectativas, que não se moldassem competências com base apenas no género. Que os brinquedos para mulheres não fossem apenas ligados a afazeres domésticos, ainda me confunde a insistência nisso. Claro que os miúdos gostam, acabam por gostar do que lhes é dado. É promover desenvolvimento diferenciado de competências, os meninos desenvolvem criativavidade, aventura e competências motoras e as meninas sentido maternal e de lida da casa. E eu brinquei com essas coisas, mas brinquei com carros, e pratiquei desportos e como tal fui apelidada de Maria rapaz. Porque ser boa a desporto é gostar de desporto não era de mim esperado. Os meninos não choram, outro esteótipo desnecessário. Eu sou menina e muito dificilmente choro.
Que se se acabe com a responsabilização da mulher vítima de crime sexual. Que se acabe com as burkas e abayas que responsabilizam apenas a mulher nas relações interpessoais com homens.
Que em todo o mundo as mulheres pudessem escolher estudar, casar, votar, conduzir carros, viajar sozinhas, ter direitos iguais sobre os filhos.
Marie Skłodowska Curie nasceu em Varsóvia a 7 de novembro de 1867 e foi a pioneira no ramo da radioatividade. Foi-lhe inicialmente negado o direito a ingressar na faculdade, por ser mulher. Foi a primeira mulher a ser laureada com um Prémio Nobel e é, ainda hoje, a única pessoa com dois prémios Nobel em dois ramos de ciência distintas, Física e Química. Marie Curie foi a primeira mulher a ser admitida como professora na Universidade de Paris. Em 1903, Marie dividiu o Nobel de Física com o seu marido Pierre Curie e o físico Henri Becquerel, o marido enfatizou que grande parte do trabalho foi realizado por ela.
As conquistas de Marie incluem a teoria da radioatividade, técnicas para isolar isótopos radioativos e a descoberta de dois elementos, o polônio (homenagem à Polónia, onde nasceu) e o rádio. Marie Curie morreu aos 66 anos devido a anemia causada pela exposição a radiação ao carregar testes de rádio em seus bolsos durante a pesquisa e ao longo de seu serviço na Primeira Guerra, quando montou unidades móveis de raio-X.
Partilho do mesmo sentimento; a primeira vez que a...
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