Há dias comentei num blog acerca de feminismo. E chamaram-me feminista com conotação negativa. Não percebo a associação. Para mim é um elogio, acredito na igualdade de oportunidades e de tratamento. Feminismo é a luta por direitos humanos e pela igualdade de género.
Em boa verdade até percebo, há aí muita mulher confusa acerca do conceito, o que levou à sociedade a ver com maus olhos o feminismo. Ainda no dia da mulher comentei noutro blog que dizia que ser mulher era mais especial, e que sentimos um filho dentro de nós e temos um vínculo mais especial. Tremi, fiquei com trejeitos oculares durante largos minutos com a coisa mais sexista que ouvi. Estar condenada e restrita a uma função biológica é muito sexista e parvo, ignorante até. Há mulheres que escolhem e há mulheres que não podem ser mães, não são menos pessoas nem menos mulheres por isso. As mulheres que adoptam são mais especiais do que as que tiveram a capacidade biológica só para depois maltrataram os filhos. Durante séculos se lutou para a mulher poder ser mais do que mãe. Não que ser mãe não seja meritório e seja o objectivo de vida de algumas mulheres que estão no seu direito de se sentir completamente realizadas só por um papel. Como estão ao que preferem apenas outros e não o de mãe.
A opinião de Maisie Williams, actriz que dá vida a Arya em Game of Thrones, espelha o que penso.
"Lembro de pensar: 'É tipo como toda a gente?' E aí eu reparei que nem toda a gente é feminista, infelizmente"
"Mas também acho que deveríamos parar de chamar feministas de 'feministas' e começar a chamar as pessoas que não são feministas de 'sexistas' — e o resto das pessoas são só humanas. Ou você é uma pessoa normal ou um sexista."
Mamas são vida. Representam a vida e a sua função é assegurar a sobrevivência da espécie através da amamentação. Posto isto, este é um dos casos em que a forma ultrapassa a função. Fruto de um design vencedor, despertam interesse, atração sexual e amor. Monopolizam a atenção, não há concorrência possível. Por homens e também por mulheres, com ângulos diferentes, é certo.
Cientes da atenção que lhes é prestada, originam uma pressão social enorme. O tamanho, a forma, a simetria, a direção, a tonicidade, as oscilações de peso e as estrias, a ação da gravidade - essa cabra. Para não falar da amamentação propriamente dita, não faltam mulheres que queriam amamentar e não podem. Uma dor de cabeça para muitas mulheres, não é à toa a riqueza dos cirurgiões plásticos.
Se não bastassem os padrões estéticos da sociedade, temos ainda o cabrão do cancro. Tudo o resto consome muito tempo e muita paciência, esse desgraçado consome saúde e ainda pior, infelizmente a vida. Bate cada vez mais à porta de cada vez mais mulheres, e homens também. Uma em cada oito mulheres. Os tratamentos oncológicos estão a permitir uma luta cada vez mais cerrada, com maior qualidade de vida. Mas muito ainda há a percorrer. Entrou agora em ensaio um método de diagnóstico por colheita sanguínea com um valor preditivo de metastases muito elevado, meses antes de qualquer outra pista por qualquer outro exame.
As mulheres com cancro da mama também riem e choram independentemente do cancro. O meu conselho no apoio é sentir o que a pessoa está a precisar na amizade, não menosprezar os sentimentos, quer sejam maus ou bons e não fazer perguntas estúpidas. Porque não faltam pessoas que não pensam bem no que dizer e querem satisfazer curiosidades próprias, ou querendo fazer conversa acabam por dizer com surpresa e ênfase a mais, estás muito bem, ou pálida ou whatever.
Até 15 mm, 90% dos tumores têm tratamento com sucesso.
A quem estiver a passar por isto, que seja apenas um capítulo, pequeno e rápido da vossa história.
As mamas não definem a mulher, o cabelo não define a mulher.
Partilho do mesmo sentimento; a primeira vez que a...
As imagens apresentadas no blog são na sua maioria retiradas da internet, se as fotos lhe pertencem e/ou têm direitos de cedência de imagem, por favor envie um email que eu retiro. nervosomiudinho@sapo.pt