Um ano depois
O ano passado, bissexto, passei o dia 29 internada. O pior dia da minha vida até à data. O único aniversário que não celebrei. Uma ecografia de rotina revelou o pior, um dos maiores medos, a seguir à hemorragia que obsessivamente temia e procurava a cada hora do dia, e da noite, que acordava a procurar por causa das duas hemorragias anteriores que me acabaram com os sonhos. A minha mãe acompanhou-me para ver a sua primeira ecografia porque nos anos oitenta era incomum e que não tinha feito nas suas duas gravidezes. A vida pode ser uma cabra irónica. Queria dizer que está ultrapassado, mas ainda é cedo, espero daqui por um ano dizer que está. Assim, digo que foi encarado, processado e interiorizado, mas deixou algumas marcas.